“Comemora-se” hoje, 20 de novembro, o dia da Consciência Negra. Esta data representa a luta dos negros contra a repressão e a escravidão e se dá devida à morte de Zumbi dos Palmares, na mesma data do ano de 1695. Se você percebeu, o comemora-se no início deste parágrafo foi destacado em aspas, por que não é uma comemoração em si, mas sim, um marco histórico que mostra a perseguição dos brancos contra os negros.
Este homem, brasileiro, que até os seis anos de idade era livre de qualquer tipo de senhorio e vivia no Quilombo dos Palmares, na região que hoje é o estado de Alagoas, foi entregue a um missionário português, o padre Antônio Melo, que o fez escravo para torná-lo apenas uma ferramenta para o bem estar e prosperidade econômica dos europeus, o que aconteceu com diversos outros negros.
Durante sua convivência com o missionário, Zumbi aprendeu português e latim, com o intuitio de colaborar nas missas. Mas com apenas 15 anos de idade, em 1670, esse guerreiro fugiu e voltou para seu quilombo de origem, lugar onde outros negros fugidos também se socorriam buscando um pouco de liberdade.
O Quilombo dos Palmares chegou a ocupar uma área maior que a de Portugal e habitava aproximadamente 30 mil negros, que conseguiram escapar da tirania de portugueses e holandeses, principalmente, que entendiam que o negro não podia ser considerado gente.
Por isso, Palmares sofreu diversos ataques. Mas Zumbi e seus companheiros resistiram à repressão. Antes mesmo de Zumbi dos Palmares nascer, holandeses e portugueses já tentavam derrotar o Quilombo dos Palmares. Os colonizadores tetavam, a qualquer custo, acabar com os pontos de resistência.
Os ataques continuaram por muitos anos, mas os guerreiros de Palmares resistiram a ponto de fazer com que o governador da Capitania de Pernambuco, Pedro Almeida, em 1678, sugerisse um acordo de paz. A proposta do governo era dar a alforria a todos os quilombolas, se eles aceitassem a submissão à Capitania.
Gamga Zumba, outra importante liderança no Quilombo dos Palmares, concordou com a proposta, mas Zumbi, não via com bons olhos a ideia. Ele entendia que a liberdade tinha que ser estendida para todos os negros, e não apenas para os quilombolas.
Com a recusa, os portugueses enviaram mais soldados para tomar Palmares. Apenas em 1694 que as Tropas Reais conseguem fragilizar o Quilombo dos Palmares, mas Zumbi, ferido, consegue fugir. Infelizmente, um antigo companheiro entrega sua localização aos portugueses que conseguiram prender o guerreiro em 1695.
No dia 20 de novembro, deste mesmo ano, Zumbi é degolado, mas a sua luta contra a escravidão e o preconceito continua até hoje. Esta data, que só foi reconhecida em 2003, é mais uma ferramenta para debater e combater qualquer tipo de indiferença, seja ela em relação a cor, raça, crença religiosa ou qualquer coisa que diferencia o ser humano, por que as nossas diferenças são as nossas principais virtudes.
Vídeo em homenagem a Zumbi dos Palmares
Música: Homenagem a Zumbi dos Palmares
Angola terra dos meus ancestrais, Angola
Angola êêê terra dos meus ancestrais, Angola
De onde veio à capoeira, Angola
Do toque do berimbau, Angola
E vivia no Quilombo
O valente rei Zumbi
Guerreiro de muitas lutas
Por seu povo sofredor
O valente rei Zumbi
Guerreiro de muitas lutas
Por seu povo sofredor
Foi general de batalha
Sem patente militar
Inteligência e coragem
Não lhe podiam faltar
Ele nasceu no Quilombo
Porém foi aprisionado
Criado por Padre Antônio
Francisco foi batizado
Aprendeu língua de branco
Mas não se subordinou
Dentro dele era mais forte
O seu "eu" de lutador
Fugindo para Palmares
Ganga Zumba o recebeu
O Quilombo estava em festa
Viva Zumbi Ganga o rei
Foi quando tudo mudou
Até vir a traição
Mataram Zumbi guerreiro
Sem nenhuma compaixão
Seu nome será lembrado
Para sempre na história
Força de espírito presente
Não nos saia da memória
Iê, viva meu Deus
Iê, viva Zumbi.
Iê, viva meu Mestre.
Iê, a capoeira.
Iê, viva Deus do céu.
Iê,salve a Bahia.
